Por Marco Aurélio Ferreira e Deivson Prescovia

Mestre Fernando Lopes. (Foto: Marco Simões/QQ)
Família Pedra 90 – Jiu Jitsu
Na zona sul de São Paulo há diversos trabalhos sociais, e encontramos um deles que faz a maior diferença na vida das pessoas que são beneficiadas pela caridade, doação e o amor.
Fernando Lopes, ou Fepa, é faixa preta e mestre de Jiu-Jitsu. É o caçula de 3 irmãos e o único que é adepto ao esporte.
Publicitário de formação, luta há 26 anos, é faixa preta há 16 e ministra aulas há 20.
O trabalho é oferecido no Clube Escola Municipal Jalisco, na Vila Mascote, zona sul de São Paulo.
O trabalho do mestre tem a participação de moradores da comunidade da Alba, que é próximo, e de lugares mais afastados. O projeto já existe há 7 anos, e hoje tem 203 alunos.
O projeto tem se tornado referência, inclusive a educadores da rede estadual, pois eles o procuram referente a disciplina de seus alunos, muitas vezes alunos dele também, uma vez que o intuito do projeto é formar campeões no tatame, e na vida.
Essa ajuda tem como base na cobrança de horário, punições referentes a atrasos ou qualquer coisa errada, ajudando o jovem a conhecer e também a adquirir responsabilidades.
Hoje o projeto não tem patrocínio, apenas um parceiro, DNA Suplementos, que disponibiliza uma cota, o qual é definida por uma seleção de merecimento, de forma mensal. Os atletas que são beneficiados se dedicam muito para não perder o benefício.
Atualmente o projeto conta com 203 alunos, e todos são suportados num ginásio no clube, montando e desmontando os tatames todos os dias.

Mestre Fepa ensinando uma posição da arte marcial. (Foto: Marco Simões/QQ)
Fepa é 100% voluntário, e o projeto começou com apenas 30 alunos, e já tiveram mais de 1.000, mostrando a necessidade de auxílio para compra de quimonos (vestimenta da arte marcial), participação de campeonatos e até para cestas básicas, pois tem atletas que muitas vezes não tem o que comer.
Perguntado sobre como ele consegue custear isso atualmente, e também no passado, pois eles viajam para competir, o mestre nos diz:
“Meus amigos e eu fazemos vaquinha” e complementa “Constrange, porque parece que você fica com uma dívida moral”.
O mestre já formou diversos faixas preta, inclusive que atuam no exterior, e muitos deles ajudam no dia-a-dia ministrando aulas, quando necessário.
A ideia de ajudar veio da mãe, que passou a vida inteira ajudando as pessoas. É possível sentir, enquanto é entrevistado, o verdadeiro amor e prazer em ajudar o outro.
Fepa veio de uma academia conhecida, Godoy Macaco, e quando percebeu que seus alunos tinham excelentes resultados enxergou um novo talento e uma oportunidade, sendo o talento de ensinar, e a oportunidade de poder ajudar os menos favorecidos com isso.
“O treino é forte. O resultado maior é formar cidadãos do bem” nos explica o professor.
Ele conhece os familiares, e as necessidades, dos seus alunos. Muitos não têm referência familiar, estão cercados pelo tráfico e às margens da sociedade, e ele se esforça para resgatá-los através do esporte. Muitos, até com pouca idade encontram-se envolvidos com drogas e as adversidades da comunidade.
Ele nos dá bastante exemplo de superação e conquistas, como um aluno de origem humilde, que morava em Arujá, e hoje vive e tem academia nos Estados Unidos, lutando MMA.
A academia tem campeões mundiais, campeões pan-americanos, campeões brasileiros e estaduais, e atualmente, 3 alunos já se aventuram no MMA, uma ramificação do Jiu-Jitsu.

Mestre Fepa acompanhando o treino. (Foto: Marco Simões/QQ)
Vários, se não todos, querem ser professores, pois sabem que podem mudar de vida, e também sabem que isso poderá acontecer quando conquistarem a faixa preta.
A seleção para entrar na equipe é natural, segundo o mestre, pois existe um sacrifício, por isso as pessoas mal-intencionadas ou “malandros” não ficam. A disciplina é uma peneira.
A maior barreira é a falta de incentivo. O projeto perdeu 6 campeões pan-americanos, extremamente talentosos, pelo fato de completarem 18 anos e além do estudo, terem que começar a trabalhar, não conseguindo dar continuidade nos treinos.
“Fica difícil formar faixas preta. O incentivo é muito necessário”, diz o mestre.
Foi até criada uma associação para receber incentivos, porém estão realizando adequações e depois, segundo Fepa, “meter a cara à procura de ajuda”.
Sua namorada, Carla Franco, também é faixa preta e ajuda no projeto dando aulas às crianças. Fepa e Carlinha são conhecidos como “pai” e “mãe”, e a relação entre eles ajuda e ensina os dois lados: professores e alunos.
A equipe tem convívio fora dos tatames, assistem a lutas juntos, comem pipoca, jogam bola e muito mais, solidificando a relação de amizade, respeito e carinho entre todos.
Ao final, fizemos a pergunta mais importante, se tinha vaga:
“Sempre há vagas. Não falamos não a ninguém”, nos responde sem titubear.

Mestre Fepa com alunos faixas-branca. (Foto: Marco Simões/QQ)

Mestre Fepa com alunos faixas-azul. (Foto: Marco Simões/QQ)

Mestre Fepa com alunos faixas-roxa. (Foto: Marco Simões/QQ)

Mestre Fepa e outros faixas-preta. (Foto: Marco Simões/QQ)
Aos interessados, segue informações para se inscrever:
Clube Escola Municipal Jalisco
Endereço: Rua Rodes, 112 – Vila Mascote
– Exame médico – no local
– Foto 3X4
– Cópia do RG
– Comprovante de Residência
Para quem quiser conhecer ou ajudar, segue contato:
Fernando Lopes
Telefone: (11) 9 9269-0002
www.pedra90mma.com.br